sexta-feira, 23 de março de 2012

Lost and confused.

Era tarde da noite já, ela ainda estava meio bêbada. Não conseguia dormir, seus olhos ardiam e ela queria chorar.
Não sabia o motivo, mas sentia um profundo vazio em seu peito, era como se faltasse algo... Ou alguém.
Ela levantou-se, ficar ali deitada rolando de um lado para o outro na cama não adiantaria muito.
Ela tinha que acordar cedo no outro dia e isso a deixava frustrada.
Levantou. Foi tomar água. Foi ao banheiro. Lavou o rosto. Olhou-se no espelho.
Estava com olheiras, muitas olheiras, as pessoas iriam perceber que ela não havia dormido direito naquela noite.
Onde havia ido parar aquele rosto jovem e bonito que deveria pertencer-lhe?
Ela não sabia. Sabia apenas que queria ir embora. Embora daquela casa. Embora daquela cidade. Embora daquele mundo.
Mas como? Era tão nova que não poderia o fazer. Faltava coragem.
Voltou para o seu quarto e resolveu ligar o computador, dar uma "espiada" em suas redes sociais, ver se havia algo ou alguém que lhe distraísse. Nada.
Desligou. Deitou-se novamente.
Começou a pensar.
Pensar em quão idiota ela era por reclamar da sua vida, ela tinha amigos agora e ela exigia muito deles. Ninguém era exatamente dela. Não a esse ponto. Mas ela havia apegado-se tanto a eles que agora era difícil ter que encarar uma noite como aquela, sozinha.
Virou-se para o lado.
Pensou mais um pouco.
Pensou em como estava sozinha, na verdade, em como as pessoas não preocupavam-se se ela estava bem ou não. Pensando em porque estava pensando aquilo naquele momento.
Virou-se para o outro lado.
Já eram 03:30 da manhã e ela ainda não havia conseguido dormir.
Náuseas. Deveria ser efeito da bebida em excesso no outro dia.
Ficou de barriga para cima, assim acalmava ambas as dores.
Fechou os olhos. Uma lágrima rolou e ela adormeceu... Por alguns minutos.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Continue.


"Hush little baby, don't say a word,
And never mind that noise you heard
It's just the beast under your bed,
In your closet, in your head"

02:00:03 A.M.

Ela estava deitada em uma espécie de sofá, era sujo e cheirava mal, porém podia ser muito confortável para quem estava vivendo uma péssima noite. 
Ela demorou para perceber que não estava em seu sofá e sequer em sua casa, ela encontrava-se em uma casinha desarrumada e fedida, pegadas sujas de lama cobriam todo o chão, goteiras e lixo, sim, muito lixo.
Levantou-se, mas suas pernas pareceram ceder e ela estava prestes a cair, quando mãos fortes a seguraram e alguém sussurrou em seu ouvido:

"Calma, você está fraca, fique aqui, vou buscar comida."

Ela ouviu porém não podia conformar-se, como um cara que ela nem conhecia poderia querer mandar nela, ou melhor, obrigá-la a ficar naquela casa imunda?

"Quem é você? Onde eu estou? O que você quer comigo?"

Ele olhou-a. Suas pernas tremeram. Agora ela podia ver o quão bonito ele era, ele lançou-lhe um olhar que faria ela apaixonar-se por ele, porém aquele não era o melhor momento para pensar naquilo.

"Shhh... Eu vou responder todas essas perguntas, vou esclarecer tudo o que houve com você, mas agora fique aqui, quietinha... Eu já volto."

Saiu. Ela estava completamente sozinha e o silêncio daquele lugar seria assustador se não houvesse aquele rádio ligado tocando aleatoriamente uma das suas bandas favoritas, ela dirigiu-se até ele, segurando em tudo o que podia para não cair e machucar-se.
Ela surpreendeu-se com a quantia de discos antigos que ele possuía, itens de colecionador, diria ela. 
Andou mais um pouco, à procura de algo que pudesse esclarecer as coisas, mas seria difícil achar algo útil naquele lugar onde 90% era lixo e os outros 10% era mais lixo.
Para a sua sorte, em cima de uma cadeira encontrava-se um casaco preto... Espere, era o mesmo casaco daquele homem que havia colocado uma faca em sua garganta.
Seu coração acelerou. Ela pegou o casaco, aquela não era a melhor hora para dar uma de mulherzinha e ficar com medo.
Procurando nos bolsos daquele casaco encontrou muitas coisas, porém nenhuma delas tirava suas dúvidas.
Encontrou papéis de bala, papéis de metrô e algumas canetas, mas nada que pudesse ajudá-la a descobrir quem era aquele homem misterioso.

A porta abriu-se. Era ele. O sol bateu em seu delicado rosto. Seus olhos arderam. Algo beliscou-a. Suas pernas cederam. Lá ia ela outra vez...


08:05:35 A.M.

sexta-feira, 16 de março de 2012

And back!

02:00:35 A.M.

Noite. Frio. Solidão. Tudo era propenso para que algo de muito ruim acontecesse àquela pobre alma que caminhava sozinha pela noite, todos poderiam achar que sim, ela estava em perigo, mas havia apenas uma pessoa não achava isso: ela mesma.
Para ela não havia horário, escuridão e frio que poderia impedi-lá de sair de casa, não depois do que havia acontecido. Seus pais haviam brigado, ela tinha escutado coisas horríveis a seu respeito, coisas que nunca pensou que iria ouvir.
Ela estava triste? Não. Ela estava com raiva, com raiva da merda de família que possuía, raiva das pessoas que a rodeavam e que fingiam serem suas amigas.
...

02:46:12 A.M.

Depois de algum tempo andando e andando, avistou um homem caminhando, estava todo de preto, seria assustador se ela estivesse preocupada com alguma coisa. Ele parou, agora ela podia ouvir sua própria respiração pesando, de repente algo tinha batido contra ela e ela tinha percebido quão assustadora aquela cena era.
Pensou em correr, fugir dali, estava com medo do que aquele homem, parado mais adiante, poderia fazer com ela. Porém, tomou coragem e seguiu, afinal, qualquer coisa que acontecesse naquele momento não seria pior do que havia acontecido algumas horas atrás em sua casa.
Passou pelo homem, ele pareceu não notá-la (ela estava enganada), agora ele nem parecia mais tão assustador, ela seguiu, porém conseguiu ouvir passos atrás dela, chegando cada vez mais perto.
Sua respiração parou, suas mãos congelaram e seus pés não queriam obedecer seus comandos. 
Estava completamente paralisada. 
O homem atravessou em sua frente, ela cogitou correr e teria o feito se suas pernas a obedecessem. 
Continuou parada... O homem olhou-a nos olhos, deu um sorriso malicioso, colocou a mão dentro de seu casaco e de lá tirou uma faca. 
Ela estava com medo. Ele aproximou-se. A faca deslizou de leve por seus dedos, ele segurou o rosto dela com uma mão e com a outra manuseou a faca delicadamente, direcionando-a para o pescoço dela.
Ela não sentia mais tanto medo, pensou que agora alguém estaria fazendo para ela o que ela tanto pensou em um dia fazer: matar-se!
A faca escorregou pelo seu pescoço e a vida esvaiu-se de seus pequeninos olhos. 

03:01:36 A.M.

Era o fim!
...

03:01:35 A.M.

Ou era apenas o começo...

03:01:34 A.M.